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segunda-feira, 28 de março de 2011

Forte dos Reis Magos

A Fortaleza da Barra do Rio Grande, popularmente conhecida como Forte dos Reis Magos ou Fortaleza dos Reis Magos, localiza-se na cidade de Natal, no estado brasileiro do Rio Grande do Norte.

A fortaleza foi o marco inicial da cidade — fundada em 25 de Dezembro de 1599 —, no lado direito da barra do rio Potenji (hoje próximo à Ponte Newton Navarro). Recebeu esse nome em função da data de início da sua construção, 6 de janeiro de 1598, dia de Reis

História

Antecedentes

No contexto da Dinastia Filipina, quando da conquista do litoral Nordeste do Brasil, então ameaçada por corsários franceses que ali traficavam o pau-brasil ("Caesalpinia echinata"), a barra do rio Grande (do Norte) foi alcançada por tropas portuguesas, sob o comando do Capitão-mor da Capitania de Pernambuco, Manuel de Mascarenhas Homem, com ordens para iniciar uma fortificação.

Para a defesa do acampamento, junto à praia, foi iniciada uma paliçada de estacada e taipa, com planta no formato circular, à moda indígena, a 6 de Janeiro de 1598 (dia dos Santos Reis), enquanto se procedia à escolha do local definitivo para a fortificação ordenada pela Coroa: um recife, à entrada da barra, ilhado na maré alta e que, na vazante, permitia a comunicação com terra firme.

O forte seiscentista

Detalhe do mapa do Rio Grande do Norte no Livro que dá Razão ao Estado do Brazil (c. 1616) com a planta do Forte dos Reis Magos.

A planta do novo forte, traçada no Reino em 1597, atribuída ao padre jesuíta Gaspar de Samperes (ou Gonçalves de Samperes) e discípulo do arquiteto militar italiano Giovanni Battista Antonelli, apresentava a forma clássica do forte marítimo seiscentista: um polígono estrelado, com o ângulo reentrante voltado para o Norte, construído em "taypa, estacada e area solta entulhada". As suas obras ficaram a cargo de seu primeiro comandante, Jerônimo de Albuquerque Maranhão (1548-1618).

O seu segundo comandante foi João Rodrigues Colaço, e a fortificação estava em condições de defesa já no início de 1602, artilhada e guarnecida por um destacamento de duzentos homens. Encontra-se representada por João Teixeira Albernaz, o velho, na obra atribuída a Diogo de Campos Moreno, no canto superior esquerdo do mapa do Rio Grande, como "Pranta do Forte que defende a barra do Rio Grande" (petipé em braças craveiras), artilhado com 10 peças em suas carretas, atirando à barbeta. Esta iconografia já reflete as obras de reconstrução executadas a partir de 1614, com planta do Engenheiro-mor e dirigente das obras de fortificação do Brasil, Francisco de Frias da Mesquita (1603-1634), quando adquiriu a atual conformação. Na ocasião, as suas muralhas foram melhoradas, recebendo contrapiso e contrafortes de reforço pelo lado do mar, bem como obras internas de habitação, em edifícios de dois pavimentos, que ficaram concluídas em 1628.

O domínio neerlandês

Após uma primeira tentativa de assalto por Vandenbourg, frustrada em Dezembro de 1631, em Dezembro de 1633 inicia-se nova invasão neerlandesa: vindos do Recife em quinze navios, uma tropa de 800 soldados desembarca na Ponta Negra sob o comando do Tenente-coronel Byma, cercando o forte numa operação combinada terrestre e naval. Guarnecido por 85 homens sob o comando do Capitão Pedro Gouveia, e artilhado por nove peças de bronze e 22 de ferro, após uma semana de assédio, ferido o comandante da praça, à revelia deste é negociada a rendição por alguns ocupantes, entre os quais Domingos Fernandes Calabar (1609-1635). Ocupada de 12 de Dezembro de 1633 a Fevereiro de 1654, com o nome Castelo Ceulen (Kasteel Keulen), homenagem a Natthijs van Ceulen, um dos dirigentes colegiados da WOC no Brasil de 1633-1634. O capitão Joris Garstman foi o primeiro holandês a comandá-la e o Conde Maurício de Nassau (1604-1679) mandou repará-la (1638).

Este forte está sujeito às altas dunas que lhe ficam a tiro de arcabuz, e são tão elevadas que delas se pode ver pelas canhoneiras o terrapleno, e daí tirar à bala o sapato dos pés aos do castelo. Quando nós o cercamos, assentamos a nossa artilharia sobre as dunas, e fizemos um fogo tal que ninguém podia permanecer na muralha. Mas este defeito foi remediado, levantando-se sobre a muralha da frente, contra o parapeito de pedra, um outro de terra à prova de canhão, e com isto todo o forte da parte de cima está coberto e resguardado.

E como de maré cheia este forte fica cercado de água, e tem que resistir ao embate do mar, está um pouco danificado na parte inferior, o que se reparará, construindo-se de pedra e cal uma nova base.

O Castelo está bem provido de artilharia: além das peças que nele foram tomadas, puseram-se-lhe mais duas de calibre 4, que estavam nas caravelas que achamos no rio, quando o fomos cercar."

Foi nos calabouços desta praça que o ex-governador do Pará e Maranhão, Bento Maciel Parente, terminou os seus dias, aprisionado contra as leis de guerra, após a capitulação de São Luís do Maranhão (1 de Fevereiro de 1642). Em 1654, após a capitulação da WOC em Recife, quando o Coronel Francisco de Figueiroa, por ordem do General Barreto chega para ocupar esta fortaleza, a mesma já havia sido abandonada pelas forças neerlandesas.

A fortificação no século XIX

As dependências do forte serviram como prisão política para os implicados na Revolução Pernambucana de 1817. Entre eles destacou-se o seu líder no Rio Grande do Norte, André de Albuquerque, que faleceu em uma das suas celas, vítima de ferimento, naquele mesmo ano.

Durante a Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918) o forte esteve guarnecido por uma Bateria Independente de Artilharia de Costa.

Foi tombado pelo Patrimônio Histórico desde 1949 e integrado ao patrimônio da Fundação José Augusto em 1965.

Restaurado juntamente com a Igreja de Santo Antônio, a Catedral, o Museu de Sobradinho e o Palácio do Governo, o Forte dos Reis Magos integra um conjunto urbanístico de grande expressão em termos artísticos e histórico-culturais em Natal. Localizado atualmente na Praia do Forte, a Fortaleza abriga um Museu Histórico, e é considerada uma das atrações preferidas pelos turistas em Natal.

Características

O atual forte apresenta planta poligonal irregular, erguido em alvenaria de pedra e cal. Em torno do terrapleno, ao abrigo das muralhas, encontram-se dispostas a Casa de Comando, os Quartéis e os Depósitos; ao centro, ergue-se uma edificação de planta quadrangular, em dois pavimentos:

* No pavimento inferior, situa-se a Capela, apresentando vãos em arco pleno;
* No superior, acedido externamente por uma escada em dois lances e através de uma porta de verga reta, dispõe-se a Casa da Pólvora, coberta por uma cúpula piramidal. Nos vértices desta pirâmide, cunhais, cornija e pináculo completam o conjunto.

No terrapleno abre-se, ainda, a Cisterna.

O acesso ao forte é feito por uma passarela, da praia ao passadiço e, a partir daí, através de uma arcada à direita, saindo para o corredor. Outra escada dá acesso ao terrapleno e ao portão para a praça.

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