Pesquisa personalizada

terça-feira, 15 de março de 2011

A lenda do bumba-meu-boi

SOBRE O BUMBA MEU BOI

O bumba-meu-boi é uma das mais ricas manifestações do folclore brasileiro, ou da nossa cultura popular, como preferem outros.

É uma espécie de ópera popular, cujo conteúdo varia entre os inúmeros grupos de bumba-meu-boi existentes mas, basicamente, desenvolve-se em torno da lenda do fazendeiro que tinha um boi de raça, muito bonito, e querido por todos e que, inclusive sabia dançar.

Na fazenda trabalhavam Pai Chico, também chamado negro Chico, casado com Catirina, os vaqueiros e os índios.
Catirina fica grávida e sente desejo de comer a língua do boi. Pai Chico fica desesperado. Com medo de Catirina perder o filho que espera, caso o desejo não seja atendido, resolve roubar o boi de seu patrão para atender ao desejo de sua mulher.
O fazendeiro percebe o sumiço do boi e de Pai Chico e manda os vaqueiros procura-los, mas os vaqueiros nada encontram. Então o fazendeiro pede para os índios que ajudem na procura.
Os índios conseguem encontrar Pai Chico e o boi, que neste intervalo havia adoecido. Os índios levam Pai Chico e o boi à presença do fazendeiro, que interroga Chico e descobre porque ele havia levado o boi.
Os pajés (ou doutores) são chamados para cura-lo, e após várias tentativas conseguem curar o boi, que se levanta e começa a dançar alegramente.
Então o fazendeiro perdoa Pai Chico e tudo termina em festa.

SOBRE O CICLO DO BUMBA-MEU-BOI

Os ensaios iniciam por volta do mês de maio. Nessa época o "couro" do boi, que na verdade é um veludo, já está sendo bordado, e só pode ser visto pelas pessoas por quem está sendo bordado. É um segredo guardado a sete chaves, até que o boi seja batizado e consagrado a São João.
A religiosidade está presente todo o tempo na brincadeira do bumba-meu-boi.

Os ensaios continuam até 13 de junho, dia de Santo Antonio, quando ocorre o último ensaio. Dia 23 de junho, véspera do dia de São João, o boi é batizado e o novo "couro" bordado e montado na armação de madeira em forma de touro, é mostrado para todos.
A partir daí, o boi passa a apresentar-se frequentemente até por volta do mês de setembro.
Uma vez convidado, o grupo apresenta-se defronte a casa de quem o convidou. A apresentação começa um pouco antes da casa, quando o amo do boi canta a toada inicial, chamada Guarnecer, organizando o grupo para a apresentação.
Depois do Guarnecer, é a hora do Lá Vai, que é uma toada para avisar o dono da casa e demais que o boi já está indo. Depois do Lá Vai, e cantada a Licença, quando o boi pede licença para se apresentar.

No decorrer da apresentação cantam louvores a São João, São Pedro, ao boi, ao dono da casa e vários outros temas, como a natureza, lendas da região, amores, política, etc. Em determinado momento começa o auto, quando apresenta a história básica de Catirina e Pai Chico, que no entanto pode variar muito de um grupo para outro. Também é cantado o Urra do boi e a toada de despedida, e a apresentação termina.

As apresentações sucedem-se até por volta do mês de setembro, quando ocorre a morte do boi. Para a morte do boi, é preparado um grande mourão no centro do terreiro, todo enfeitado. Defronte ao altar de São João, reza-se a Ladainha. A matança do boi dura três dias ou mais, com muita festa e dança.

No final o boi é morto simbolicamente, onde o vinho representa o seu sangue. O "couro" que envolvia a armação de madeira é retirado. Para o próximo ano, outro "couro" será bordado, novas toadas serão compostas e o ciclo recomeça.

A festividade é realizada normalmente no mês de junho juntamente com a quadrilha tradicionalmente nordestina.

Nenhum comentário:

Postar um comentário